Nanatsu no Taizai
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Chapéu de Javali

Ir para baixo

Chapéu de Javali Empty Chapéu de Javali

Mensagem por Mestre Sáb Mar 24, 2018 8:29 pm









Chapéu de Javali Images?q=tbn:ANd9GcTW1alrQc8ggOIuQ0vv_hlmsfuxJJBeUFE2I8LtFX8m7Rp8q2zq

Um bar propriamente dito, mas em outras palavras é um bar vivo, construído logo acima de um porco verde gigante, mais popularmente conhecido como "Mama Hawk", por esse motivo ele pode se deslocar livremente pelos reinos.
Lugar de aventuras, companheirismos, bebedeiras, além de ser o quartel general dos Sete Pecados Capitais.

Local: Sempre em algum lugar



Mestre
Mestre
Admin

Mensagens : 32
Data de inscrição : 06/03/2018

https://nanatsu-no-taizai.directorioforuns.com

Ir para o topo Ir para baixo

Chapéu de Javali Empty Re: Chapéu de Javali

Mensagem por Mestre Ter Jan 18, 2022 5:58 am

-A vida é algo tão belo, não acha? - Perguntava o velho. - Além disso, é frágil e efêmera. E a morte é tão... Entusiasmante? Intrigante? Não sei dizer... Ora, mesmo sendo velho e tendo visto ela muito mais de perto do que você e os seus um dia verão, ainda não perdi o fascínio por ela. Entende, não é Gwyn?

O loiro desperta de seu sono dentro de uma caravana. Estava viajando para algum reino qualquer para oferecer-lhes serviço como mago da corte.

-É velhote... Eu entendo. "E por isso, deve estudá-la ao máximo". - Murmurou para si.

-Ei, loirinho! - Gritou o cocheiro. - Minha família teve gente que estudou na escola mágica de Otterbadger, e eu aprendi alguma coisa ou outra, e sinto que você tem uma magia bem grande. Está indo se candidatar à mago da corte?

-Exatamente. Eu sou o melhor da minha área, sabia? - Falou se exibindo.

-Ah, é? E qual é a sua área?

-Necromancia.

O rapaz sorria, enquanto o homem se encolhia. Queria jogá-lo para fora, mas tinha medo das consequências. Assim ficaram em silêncio, enquanto Gwyndolin sorria feliz lendo um livro estrangeiro, de Vatsiaiana.

Chegando na entrada do reino, ele agradece e paga a viagem, e carregando sua mochila nas costas, anda pelas ruas da capital. Nem limpa nem suja, nem barulhenta nem quieta, apenas um lugar que não saltaria a memória de ninguém. Sequer havia tido o trabalho de decorar o nome do lugar, e só o faria se fosse necessário, isto é, virasse mago da corte.

-Espero que reconheçam meu trabalho dessa vez... - Resmungou para si.

-Trabalho? - Uma voz feminina perguntou atrás dele.

Ao virar-se, se depara com uma bela moça, de cabelos verdes, que mais pareciam como se safiras fossem fiadas como um nobre tecido e belos olhos roxos, como se fossem a imensidão da via láctea que se via no céu noturno olhando para ele. Um rosto perfeitamente esculpido, como se fosse uma musa que apenas os sonhos de um deus pudessem criar. Como se fosse atingido por uma flecha envenenada com poção do amor, podia jurar para si mesmo que achou o amor de sua vida. Mas antes que seu silêncio fosse ainda mais constrangedor, tratou de a responder.

-Ah, meu trabalho... - Ele se aproximou dela, indicando que iria falar baixinho, e ela se inclinou intrigada. - Eu sou um necromante.

-Sério?! - Respondeu surpresa. - Isso é um máximo! Você levanta mortos como zumbis e coisas do tipo? - Ela começou a imitar um, colocando a língua para fora e erguendo os braços, andando como uma bêbada. Ela arrancou uma risada dele, que prontamente lhe disse:

-É, mais ou menos desse jeito. Eu seu perito em artes das trevas e magia natural, então eu sou um expert sobre a vida e a morte. - Falou se gabando.

-Isso é demais! Você vai ser o novo mago da corte?

-Assim espero... Normalmente me chutam pra longe por causa da necromancia.

-Tenho certeza que esse rei não faria isso! Ele com certeza vai olhar para seu talento por completo. Bem, ao menos o meu faria isso...

-Assim espero, garota. Por sinal, meu nome é Gwyndolin. E o seu?

-Solara. É um prazer lhe conhecer, Sir Gwyndolin. - Ela estende sua mão para ele.

-O prazer é todo meu. - Ele estende e a aperta de volta.

Após sua pequena interação com o novo amor de sua vida, andou para o castelo saltitante e sorridente. Chegando lá, introduziu-se e fez um teste escrito onde acertou todas as respostas, e um teste mágico onde fora definitivamente o melhor. Mesmo sendo dominador de magia negra e natural, sabia usar muito bem as outras magias, ou apenas sabia mimicá-las com perfeição. Com tudo isso resolvido em um tempo recorde para o reino - não para ele, já fizera essas coisas mais rapidamente -, andou até o salão do rei, que o recebeu com uma voz retumbante.

-Vejo que és um excelente mago, um dos mais impressionantes que esse reino já viu, Sir Gwyndolin de... - O rei fez uma pausa, olhando mais atentamente o formulário. - De onde viestes?

-Stonehenge. - Respondeu desviando o olhar.

-Ah, vejo que é um druida... - Falou mudando o tom de voz para um mais irritado. - Lamento, mas não posso ter um druida na minha corte. Sabe bem o motivo, não é?

-Quer dizer que tudo que eu mostrei é algo ignorável, rei? O problema não é ser um necromante, mas sim ser um druida? O que ser um druida implica em quem eu sou?! - Esbravejou.

-Sim. Druidas não passam de escória. Suma do meu palácio. - E assim, Gwyndolin fora arrastado para fora do palácio, desolado.

Andando pelas ruas, procurou algum bar para poder se embriagar para esquecer o que aconteceu. Queria apenas ver Solara de novo, e deitar no colo dela, ou usar o que leu no livro de Vatsiaiana com a bela moça.

-"Não pode ser nosso mago da corte por ser um druida.", mas vão pra puta que pariu com isso! - Resmungou andando até um dos bares, que dessa vez tinha uma pousada junto.

Distraidamente entrou nele, e começou a beber. Não queria nunca mais pôr seus pés em um lar druida, então era melhor virar um mago da corte para viver. Bebeu o dia inteiro, e usando sua magia druida, se manteve sóbrio o suficiente para ficar acordado e relativamente são.

-Rapaz, você não acha que bebeu demais? - Questionou o taverneiro.

-Nem perto do suficiente. - Ele soluçou com os olhos pequenos.

Vendo o loiro embebedado, uma moça com roupas curtas se aproximou dele, se sentando colada nele.

-Dia difícil, bonitão? - Perguntou com um olhar sedutor no rosto. - Se tiver afim... Eu posso te ajudar com isso.

-Se eu tiver o dinheiro pra isso, não é? - Respondeu o Gwyndolin bêbado. - É claro que eu aceito a ajuda. - E assim, os dois subiram para a pousada.

Mais tarde, cerca de uma hora depois, a cortesã desceu batendo os pés e bufando. As outras que estavam no bar a chamaram para sentar na mesa, e uma lhe questionou o que houve.

-Eu nunca consigo clientes bonitos, e quando finalmente aparece um gatão, ele é um broxa! Bebeu demais e não levantava por mais que eu me esforçasse!

Enquanto isso, no quarto, Gwyndolin já estava dormindo sem suas calças. E naquela noite, um sonho veio a sua mente. Via-se novamente como criança, mas em Stonehenge, o maior santuário druida. Outros druidas jovens estavam junto dele, e todos estavam tendo que abrir corpos para entender sobre anatomia humanoide. Guerra não era algo ocasional, e sim e constante na Britânia. Reinos estavam o tempo todo guerreando, e algumas vezes a guerra era maior e mais jogadores estavam no meio, outras era menor. Então saber como cada corpo funciona era essencial para eles, e a quantidade de corpos jogados de soldados mortos era o suficiente para esse problema. Seu eu mais jovem odiava abrir cadáveres, porém quando envelheceu, pegou gosto pela coisa - muito pela influência de um necromante, então não sabia exatamente o que sentia naquele sonho.

No outro dia, se levantou da cama, pagou a estadia e a bebida, e saiu do bar, rumo a outro lugar. Não sabia para onde ir, então vagabundeou pela cidade por uma meia hora até achar Solara de novo. Seu coração bateu tão forte quanto a primeira vez que a viu, e borboletas se criaram em seu estômago assim que ela o viu e acenou para ele. Juntando toda sua confiança, caminhou até a garota, que o recebeu com um sorriso no rosto.

-E então? Como foi a entrevista? - Olhou para o homem com seus belos olhos roxos.

-É... Péssima. Fui recusado por ser quem eu sou. - Ele soltou um suspiro de mistura de decepção com aceitação.

-Ah, que pena... Já sabe para onde vai agora? - Questionou a garota.

-Não exatamente... Eu já estou começando a perder as esperanças.

-Ora, não fique assim! Você disse que é um mago poderoso, não é? A viagem de negócios do meu pai acabou, então vamos voltar a Lioness. Se você for bom como diz ser, ele pode te contratar para ser nosso guarda!

-S-Sério! - Ele estava chocado. - É claro que eu aceito!

-Vem comigo, vamos até ele pra eu te apresentar. Ele com certeza vai gostar de você. - Ela o pegou pelo pulso e começou a correr pela cidade, com Gwyn a seguindo com um sorriso no rosto.

Chegando no seu pai, um homem alto de cabelos pretos e olhos cinzas com barba por fazer, Solara apresentou Gwyndolin, que logo mostrou uma ou duas magias que enchiam os olhos e eram mais fracas do que aparentavam, mas davam pro gasto. Suas magias intermediárias possivelmente destruiriam metade do bairro, então aquelas já serviam.

Quando entraram na carruagem, o pai de Solara, Holden, puxou assunto.

-Então você se candidatou e não conseguiu passar no teste para ser mago da corte, Sir Gwyndolin. Algum motivo em especial?

-Eu sou versado em necromancia, então eles acham que vai atrair fama ruim. - Mentiu. - Não foi a primeira vez que isso aconteceu, e acho que não vai ser a última...

-Entendo... Necromantes normalmente são os vilões das histórias, e isso talvez atraísse péssimos olhares para o reino.

-Pois é... Mas eu já estou acostumado, então não é tão ruim. Por sinal, você é um mercador, certo?

-Exatamente, Sir Gwyndolin! - Ele parecia contente. - Faço grandes negócios aproximando burgos, e sempre posso levar a Solara comigo. A mãe dela não gosta muito de sair de Lioness, mas ela sempre pede pra ir comigo, desde que era pequenininha! Era tão bonitinha...

-E-Ei! Pai! - Solara estava vermelha, e Gwyn ria contidamente.

E assim, sua viagem seguiu tranquila, não precisando de interferências do necromante, e podendo ter diálogos alegres com a garota que roubou seu coração, e roubava a cada segundo um pouco mais.

No fim do dia, chegaram em Lioness, e Holden pagou o combinado para Gwyndolin. Ele e Solara se despediram do seu guarda, e foram para casa. Já Gwyndolin passou a procurar uma taverna com estalagem para poder beber em comemoração a uma missão bem sucedida e dormir.

Após um tempo de procura, achou o que queria. Um lugar perfeito para ficar e passar a noite após encher a cara. Entrou no estabelecimento, se sentou no bar, e pediu uma caneca de cerveja. Duas. Cinco. Dez. Lá pelas tantas, a cena do reino anterior se repetiu, e uma cortesã se aproximou para oferecer seus serviços. E como era um homem que não poderia deixar uma mulher sem um companheiro para a noite, aceitou.

Após um pouco menos de uma hora a prostituta desceu irritada, e deu o mesmo discurso para as amigas. De novo, a ferramenta de Gwyndolin não compareceu. E novamente dormindo sem as calças, teve sonhos sobre sua infância druida. Seu pai não lhe dava muita atenção, mas não era um homem ruim, de forma alguma. Inclusive, ele que lhe ensinou que mulheres devem ser amadas, de todas as maneiras possíveis. Ele não entendeu a segunda parte na época, mas agora entendeu completamente.

Com o sol batendo na janela, desceu e pagou sua estadia, mas antes de sair, o dono da estalagem chamou sua atenção.

-Ei, garoto, teve problemas ontem a noite?

-Por aí... - Gwyn desviou o olhar.

-As garotas estavam comentando isso, então resolvi te avisar. Dá um pouco de pena, elas raramente se oferecem para um homem, sempre esperam que eles vão até elas.

-Então eu vou voltar hoje de noite, e não vou beber nada. Vou mostrar pra elas quem é que manda. - Após dar um sorriso cheio de malícia, o dono riu.

-Gostei de você, garoto. - Ele deu um sorriso largo. - Esperarei sua estadia aqui.

Após seu diálogo matinal, saiu para ver se encontrava algum jeito de fazer mais dinheiro em Lioness. A Capital era bem grande, então talvez encontrasse alguma coisa por lá. Ou encontrasse Solara.

Passeou por todo o lugar durante todo o dia, e não foi isso que aconteceu. No lugar disso, perto do pôr do sol, ele achou um outro druida. Uma bela garota loira estava sendo encantada por ele, e ele seguiu os dois. Sabia exatamente que era um pelo jeito que estava encantando a garota, e ele não gostava disso. Eles entraram em uma casa - possivelmente da garota - e ficaram por lá, fazendo Gwyndolin se sentar no rodapé na frente da casa. Após ter que esperar o que pareceu uma eternidade, inclusive com o sol desaparecendo no horizonte, o outro druida saiu pela porta da frente como se nada tivesse acontecido.

-Encantando garotas, é? - Gwyndolin questionou, e outro druida se virou rapidamente. - Achei que não fizessem mais isso. - Ele o encarou com um olhar tão penetrante que era como se olhasse o fundo de sua alma.

-Ah, um desertor. Gwyndolin, não é? Essa sua carinha bonitinha é reconhecível para qualquer druida, especialmente após cometer o grande crime de virar um necromante. - Ele sorriu com escárnio para o loiro. - Se eu não tivesse com pressa, eu faria o que eu fiz com aquela gatinha com você, só pra não te deixar aí com essa cara de coitadinho.

-Com essas suas atitudes só abusando de garotas ou pagando para conseguir comer alguém. - Gwyndolin estava começando a liberar miasma. - Pelo visto, essa fama de estupradores dos druidas não vai acabar nunca. Não com gente como você a solta. E eu sinto que mesmo que eu te matasse, e acredite, eu conseguiria com facilidade, não mudaria muito. Vocês são tudo farinha do mesmo saco.

-Ora, seu...! - Uma veia saltou na testa do outro necromante. - Everlasting Gr- Sua fala foi subitamente interrompida por mãos cadavéricas saindo de dentro das sombras de sua roupa.

-Qual parte do "eu te mataria com facilidade" você não entendeu, seu merda? - Gwyndolin se aproximou com seus olhos verdes brilhando de fúria. - Por causa de uns merdas como você eu sou rejeitado o tempo todo para me tornar um mago da corte, sempre com a desculpa de que druidas não são aceitos! Eu odeio vocês, então toda vez que penso se fiz o certo em os abandonar e me tornar um necromante, eu lembro que lixos como você existem e tenho certeza que fiz o certo! - O miasma emanado por Gwyndolin estava criando danos físicos no lugar, e notando que estava sendo tomado pela fúria, soltou o homem.

-Seu... Monstro... - Falou o outro druida de joelhos no chão, ofegante. - Não ouse chegar perto de nossos santuários de novo, aberração! - E assim, ele saiu correndo.

-Como se eu precisasse de um idiota me falando isso. - Ele invocou um cão e lhe entregou moedas com um bilhete, e o mandou para o centro da cidade.

Em poucos minutos, ele correu e voltou com o que Gwyn pediu que ele comprasse. Chás que ajudavam para abortar. E com isso, deixou um bilhete para a moça, explicando que ela foi abusada por um druida, possivelmente das proximidades da Floresta das Fadas pelas vestes, e desejou boa sorte em se livrar da criança.

Desse jeito, era melhor voltar para a estalagem para... desestressar. E dessa vez, sem álcool. O que aconteceu naquela noite fez que as cortesãs perdoassem as próximas vezes que ele bebesse, e sempre tentassem ajudar seu amiguinho a se juntar a festa mesmo bêbado.

Alguns dias se passaram, e sua rotina era basicamente a mesma. Acordava, conseguia algum dinheiro com seus serviços de mago, voltava para a estalagem - que a essa altura não pagava pela estadia, apenas as bebidas pagavam - e ou se embebedava e as cortesãs tentavam juntas fazê-lo comparecer, sempre acabando com ele dormindo e elas com pena, ou ele estando sóbrio e compensando as vezes que bebeu.

Até que, em um desses dias rotineiros, achou Solara. Seu coração disparou, e decidiu ir atrás dela. Era hora de ser homem e finalmente chamar ela para um encontro. Quando finalmente conseguiu pensar no que dizer, ela sumiu de vista.

Idiota! Onde ela foi? E saiu correndo atrás dela.

Após passar rapidamente pela rua principal, ouviu um grito abafado de uma viela, e três bandidos estavam tentando assaltar ela. Antes que pudesse pensar em agir, seu corpo já estava se movendo para ir até a garota. Invocou os esqueletos mais limpos que conseguia, e rapidamente eles foram jogados para longe. Eles se desfizeram no chão, enquanto os bandidos corriam para longe.

-Solara! Você está bem? - Perguntou preocupado. - Te machucaram?

-Gwyndolin...! Eu estou bem sim, eles não fizeram nada comigo. - Sorriu para ele. - Como você me achou aqui?

-Coincidência, eu acho. - Ele deu uma risada amarela. - Então, você gostaria de dar uma volta por aqui? Digo, nós dois. - Ele sorriu para ela, com as bochechas levemente vermelhas.

-Eu aceito. - Ela também corou levemente.

Desse jeito, os dois passearam pela bela capital de Lioness, se divertindo bastante e ficando muito mais próximos. Conversaram sobre várias coisas, desde como seus gostos por comidas eram parecidos, a diferença dos dois para lidar com álcool, e suas infâncias. Inclusive, Gwyndolin explicou como se tornou um necromante e que era um druida, inclusive falando sobre sua briga recente com um para ela.

-Meu pai sempre disse que druidas eram assim... Mas parece que sempre tem exceções, não é? - O sorriso dela deixou Gwyndolin atônito, e quando se perguntava se era um bom momento para beijá-la, até que ela olha para o horizonte. - Caramba, já tá tarde! Eu preciso ir pra casa! A gente pode se ver amanhã?

-É claro! Gostaria de ir jantar comigo? A estalagem que eu estou hospedado tem uma comida excelente.

-Com certeza. Até amanhã, Gwyn. - Assim que ela ia se levantar, ela deu um beijo em sua bochecha, e saiu correndo para sua casa.

Mestre, se você ainda se perguntava o sentido da vida... Eu acho que eu encontrei ele.

Gwyndolin voltou saltitante ao bar, e avisou as cortesãs que no outro dia ele tinha um encontro, então ele pagaria para elas ficarem quietas e fingirem que não o conhecem. O dono do bar riu, e o clima dos clientes frequentes ficou leve com o garotinho favorito de todos perto de namorar.

Naquela noite, Gwyndolin teve um sonho bom. Irritado com Stonehenge, queria achar um jeito de sumir de lá. E assim, conheceu seu mestre nas artes das trevas. O encontrou uma vez, duas vezes, três vezes. E assim, se encontravam frequentemente, e Gwyndolin estava pegando gosto pela magia proibida. Seu mestre dizia que o que era proibido era mais gostoso, e mais uma pessoa ajudou a moldar o caráter duvidoso do druida com relação a mulheres. Mas outra coisa que seu mestre dizia era que não existia magia boa nem ruim, apenas magia. As pessoas que fariam elas se tornarem boas ou ruins. Usar os mortos que partiram dessa em batalha era apenas outro jeito de poder lhes trazer a alegria das lutas, e usar as trevas e manter-se como uma boa pessoa apenas mostra o quão grande é luz em seu coração. Se tinha alguém que poderia agradecer por tudo que se tornou, é seu mestre na necromancia.

O outro dia de Gwyndolin foi corrido. Fez o máximo que pôde para conseguir dinheiro cedo e comprar roupas novas, além de cortar o cabelo - as pontas duplas estavam o irritando. Era para ser uma grande noite, e se tudo desse certo, poderia ser feliz de uma vez por todas, e talvez até achar um emprego fixo, afinal usar esqueletos para transportar mercadorias seria uma mão de obra muito mais barata.

Chegou cedo no bar, e por estar tremendo, tomou umas três ou quatro canecas de cerveja. Um pouco de álcool lhe daria a confiança necessária para que tudo saísse conforme o planejado. As cortesãs e o dono do bar suspiraram, pois a moça escolhida conheceria o lado defeituoso da máquina.

Após alguns minutos, entra uma moça exuberantemente linda, com olhos roxos e cabelos verdes, usando um vestido preto com adornos dourados. A tão famosa Solara. As pessoas que mais interagiam com Gwyndolin não acreditavam no que viam, e muitos ali sentiam inveja. Ele se levantou para cumprimentá-la, e uma sujeira voou em seu olho. Piscou com força para sair, e quando abriu os olhos, o sol iluminava sua visão em um beco qualquer. Sentiu um peso nas pernas, e quando virou para baixo para ver o que era, sentiu como se estivesse despencando de um penhasco.

Solara estava morta em sua frente. Ele piscou forte de novo, e a visão não mudava. Suor congelante começava a escorrer por todo seu corpo, e não conseguia acreditar no que seus olhos viam. Lágrimas os encheram, e começou a ficar ofegante.

-Solara?! Solara! - A chamou em vão.

Ele se aproximou dela e viu que haviam marcas de mãos em seu pescoço. Quando colocou as suas por cima da marca, se encaixaram perfeitamente. O cheiro que sentia do corpo, junto do sangue no chão e o líquido branco só indicavam uma coisa. Ele que a abusou e a matou.

Com lágrimas escorrendo de seus olhos, puxou para perto o corpo da garota que mais amou em sua vida e o abraçou. Murmurava coisas como "me desculpa" e "eu não sei o que aconteceu", enquanto chorava copiosamente.

Após algum tempo que não sabia quanto passou, alguns transeuntes viram a cena. E como já era de se esperar, uma comoção tomou conta do lugar. Pessoas começaram a se reunir, cercando dos dois. Gwyndolin não prestava atenção neles, apenas tentava entender o que aconteceu, enquanto suas memórias com a garota começavam a inundar sua mente. Uma confusão começou a se formar, e ele levou uma pancada na cabeça, desmaiando.

Os populares arrastaram Solara para longe delem e discutiam o que fazer. A cidade amava a garota, uma moça gentil e linda, que sempre fazia as pessoas felizes por onde passava, morta após um estupro. Rumores sobre o que viram na noite começaram a se espalhar, e o burburinho que ele era o druida que abusou da outra garota estava começando a ganhar força. Principalmente após averiguarem que ele era um.

-Ei, a gente não deveria ajudar o Gwyn? - Perguntou uma das cortesãs. - Aquele olhar dele ontem não era o dele...

-Realmente. Mesmo que ele seja um druida, ele era uma boa pessoa. - Respondeu outra.

-A população não quer razão, eles querem um culpado. Tem algo de muito estranho nisso... - Comentou o dono da estalagem, com um olhar pesaroso. - Mas eu não recomendo que vão até ele. Vocês serão linchadas junto, por serem prostitutas que não geraram de uma vez seu filho e ele acabou fazendo isso com moças de família. - Falou voltando sua atenção para os clientes, e as garotas apenas concordaram.

Não muito tempo depois, os pais de Solara chegaram e viram sua menina morta, pelas mãos de um necromante druida. Com lágrimas escorrendo, pegaram o corpo da garota e levaram embora, possivelmente para velá-lo. E agora, sem o cadáver, apenas havia o culpado. A multidão enfurecida partiu para cima de Gwyndolin, mas os guardas já estavam ao redor dele. E com seu capitão bradando para se afastarem, se não seriam presos, se dispersaram.

Gwyndolin não demonstrou resistência a prisão. Aparentemente druidas tem uma natureza abusadora. Ele apenas aceitou sua sentença. Uma sentença dada pela população, pois o corpo da garota não estava por perto, a sua família já o levou para longe. Como inocentá-lo por falta de provas seria horrível, e ele morreria da mesma forma porém de maneira mais cruel, foi sentenciado a morte no reino de Lioness. Amargou diversos dias em sua cela, possivelmente mais de um mês.

Até que no dia da sua execução, um certo grupo de pessoas com grande magia surgia.

-Sinceramente, achar um idiota que sobreviva a tatuagem com esse crime vai ser impossível... Passaremos anos e não conseguiremos. - Resmungou o mago do grupo.

-Deixa de ser tão pessimista, Krioni. - Comentou o capitão, com seu sobretudo vermelho. - Em um mês já reunimos esses aí todos. Mesmo que eles tenham ficado com preguiça de vir hoje...

-Claro, todas as outras dez vezes o candidato morreu. E por que raios com um druida seria diferente? - Revirou os olhos.

-Nunca se sabe... - Andou afastando a multidão, e subindo no palco da execução. - Ok, cidadãos de Lioness, podem ir para suas casas. Esse criminoso será levado pela Saligia.

Eles pensaram em protestar, porém a aura ameaçadora dos dois que faziam parte da nova ordem de cavaleiros, Saligia, era grande demais. E como já viram essa cena outras vezes com candidatos para a Luxúria, apenas deixaram passar.

-Certo rapaz... Gwyndolin, né? - Falou o garoto de sobretudo e cabelos castanhos. O druida apenas assentiu. - Meu nome é Nier, e esse aqui é o Krioni. Eu sou o capitão dessa nova ordem de Cavaleiros, Saligia, e você foi convocado por mim para ela.

-Eu... Vocês sabem o que eu fiz, não é? - Questionou Gwyndolin.

-Exatamente por isso. - Respondeu com um sorriso. - Agora, você será marcado pelo seu pecado. Como eu fui, e como todos os outros foram. Ele está imbuído com a magia de Gallien, que lê os corações das pessoas, então se você não estiver apto, apenas morrerá. Você tem duas opções agora. Morrer pela sua execução ou tentar fazer esse teste.

Gwyndolin não sabia o que responder. Queria pagar pelo seu crime, mas... A vida é algo tão belo. Não queria simplesmente desistir dela. Mesmo que a morte o intrigue, o fascine, não era hora de vê-la. Com algumas lágrimas escorrendo pelos cantos de seus olhos, murmurou.

-Eu aceito o teste...

Não tinha certeza se passaria no teste. Na verdade, tinha certeza que morreria nele. Mas não queria simplesmente desistir da vida desse jeito. Deveria haver algum jeito de se redimir pelo seu pecado, e ele era diferente da morte. Talvez virar um cavaleiro sagrado e ajudar as pessoas fosse o caminho. Sentiu a mão de Krioni encostar em seu pescoço, e magia começar a fluir dela. Ela encheu seu corpo, e vasculhou sua mente, e principalmente, seu coração. Fechou os olhos com força, esperando que sua vida cessasse. Porém... Ele os abriu. E viu dois rostos surpresos.

-Você trapaceou! - Bradou o mago. - Ele trapaceou, Nier!

Nier ficou em silêncio. Analisava Gwyn, como se olhasse no fundo da sua alma. Talvez até estivesse o fazendo.

-Não. Ele definitivamente não trapaceou. Eu consigo sentir isso. - Respondeu convicto. - Então... Bem-vindo a Saligia, Gwyndolin da Luxuria.

O necromante druida não sabia o que dizer. Apenas sorrir. Se duvidava que era uma boa pessoa, agora não duvidava mais. Definitivamente, a morte não era solução. E como um cavaleiro sagrado, faria tudo que pudesse para se redimir de seu crime.

Mestre
Mestre
Admin

Mensagens : 32
Data de inscrição : 06/03/2018

https://nanatsu-no-taizai.directorioforuns.com

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos